Leia abaixo, uma linda e pertinente homenagem, de autoria do nosso irmão amigo Juarez Duarte Bomfim, pela passagem de 10 anos para vida espiritual do neto da Irmã de Caridade, Andrinho, comemorado no dia 20 de agosto 2010.
Publicado em 23/8/2010 12:57:31
Fonte: Blog do Juarez Duarte Bomfim
Publicado em 23/8/2010 12:57:31
Fonte: Blog do Juarez Duarte Bomfim
Rio Branco, Acre, noite de 20 de agosto de 2010. No intenso calendário da Barquinha da Madrinha Chica Gabriel — o Centro Espírita e Obras de Caridade Príncipe Espadarte — vai começar mais uma celebração litúrgica. É cantado o Culto Santo e os demais hinos de abertura, abre-se as cortinas do templo, são feitas as rogativas de pedido de guarnição para os irmãos iniciarem a viagem no Barquinho Santa Cruz, navegando na Santa Luz do Daime, rumo aos Santos Pés de Jesus, tendo por companheira a Rainha Santa Fé.
Esta é uma celebração especial, só realizada nesta igrejinha de Daime da Vila Ivonete. Faz dez anos que o menino Andrinho passou deste mundo à eternidade, ao morrer afogado nas águas revoltas do Rio Madeira, em Rondônia. À época, grande comoção provocou naquela comunidade: na sua avó, Madrinha Chica, na sua mãe e demais irmãos.
A Irmã de Caridade Francisca Campos do Nascimento, Madrinha Chica Gabriel, tem uma grande prole: dez filhos e inúmeros netos. A exatos dez anos saíram a passear no Balneário de Fortaleza do Abunã, Rio Madeira, no Estado de Rondônia, O que seria um divertido fim de semana na praia do rio se transformou em tragédia. O seu netinho de nove anos de idade some sob as águas do caudaloso rio Madeira.
Desespero e dor se apossaram dos seus familiares e amigos, com o trágico desaparecimento do menino. Algum consolo aquela família dilacerada obteve quando, após exaustivas buscas, encontrou-se o corpo do pequeno, para velar.
Pela sagrada noite de hoje, ao se completar dez anos daqueles tristes acontecimentos, se homenageia o menino morto e todos os desencarnados oficiais da casa. Este é o momento de afirmação do caráter espírita da Doutrina fundada pelo Mestre Daniel Pereira de Mattos, o Frei Daniel, e das suas peculiares comunicações com o mundo dos espíritos, no revigoramento da fé e da esperança.
Na Doutrina de Mestre Daniel não existe uma fronteira rígida entre o mundo dos vivos e dos mortos, basta notar a arquitetura dos centros de sua linhagem.
No Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, presidido por Juarez Xavier, num bonito complexo religioso no bairro do Amapá, margens do Rio Acre, logo à entrada e no centro de tudo, o que seria uma praça, de fato é um cemitério, a se destacar o grande túmulo da idealizadora do lugar: dona Maria Baiana, esposa do seu Juarez.
No Centro Espírita Daniel Pereira de Mattos, presidida pelo amigo irmão Antonio Geraldo da Silva Filho, logo à esquerda do portão de entrada encontra-se o Mausoléu do Mestre Conselheiro Antonio Geraldo, com suas doze colunas estilo romano e uma barquinha à guisa de túmulo.
O Velho Pastor Frei Manuel — Manuel Hipólito de Araujo — presidente do Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus — Fonte de Luz” até o seu desencarne em 17 de agosto de 2000, gostava de indicar aos visitantes o lugar escolhido para o seu túmulo, dentro da Igreja, à esquerda do altar.
Quando da reforma e ampliação do templo em 1997, que a Capelinha de São Francisco se transformou numa verdadeira “Catedral do Daime”, para o local indicado foram colocados os restos mortais dos santos missionários da Missão. Sendo os pioneiros o irmão amigo Frei José Joaquim, Pastor das Almas, e o Fundador Frei Daniel.
Na Barquinha da Madrinha Chica não existe mausoléu, o patriarca padrinho Chico e a Madrinha continuam encarnados, graças a Deus. Mas pela sagrada noite de hoje se comemora os irmãos oficias da Casa, que já fizeram a passagem para o mundo espiritual, e de lá nos mandam lembranças.
É aqui que surge a originalidade e singularidade desta casa espírita. As mensagens que são enviadas do outro lado da vida vêm na forma de bonitos salmos, em sua maioria valsas, lindas valsas.
Nestas singelas e tocantes canções, os irmãos desencarnados que estão lá do outro lado reafirmam a sua fé em Deus e na Sempre Virgem Maria, na Santa Doutrina trazida ao mundo por Mestre Daniel, homenageiam a Irmã de Caridade, presidente do lugar, e nos transmitem mensagens de paz, amor e esperança na vida eterna.
O Culto Santo é simples, todo estruturado na forma de orações e cânticos, com um puxador dos salmos e o coral de irmãos presentes no salão respondendo uníssono, cantando o refrão.
È uma festa das crianças e para as crianças, e estas fazem uma apresentação musical trajadas com a indumentária simbolizando os santos missionários dos reinos encantados dos planos celestiais.
O primeiro salmo entoado foi enviado pelo irmãozinho Andrinho, falecido antes de completar 10 anos de idade. Além dos louvores a Deus Jesus e à Virgem Santíssima, nos lindos e poéticos versos ele consola sua vovozinha e sua mãezinha pedindo perdão pela dor provocada com a sua perda em matéria. Momento sublime e tocante.
Quando cânticos de louvor se elevam das vozes dos homens aos céus, Deus, Ele mesmo, desce para conceder a sua graça. Quando cânticos de louvor descem do céu à Terra, Deus, Ele mesmo, nos abençoa com a sua Santa Presença.
Inúmeros salmos se sucedem, onde cada espírito na eternidade envia as suas comunicações na forma de louvores, instruções morais e, às vezes, mensagens específicas para seus entes queridos que aqui ficaram, como, por exemplo, um oficial desencarnado muito jovem que pede à sua mãe em matéria perdoar o seu querido pai.
Os dois últimos salmos cantados são emblemáticos, e foram mandados por importantes líderes da Doutrina: o Mestre Conselheiro Antonio Geraldo envia notícias lá do Palácio de Cristal onde se encontra ao lado do Fundador, de seu mentor espiritual, o Bispo Policarpo, e demais santos missionários. É renovada a esperança de luz e salvação.
O salmo seguinte, antes dos cânticos de encerramento do Culto Santo, é atribuído ao Velho Pastor e reafirma o poder da oração, com um lindo refrão que é uma Ave Maria. Muito pertinente, pois o Frei Manuel era um habitual rezador e continua a ser, deste mundo à eternidade.
Cantam-se os salmos de encerramento e fecham-se as cortinas do templo, abertas para sempre. Logo após dá-se início o segundo ato, o bailado no Parque, onde os Encantos descem para se confraternizar com os mortais, na dança circular sagrada, em comunhão na festa do Senhor.
É festa da criançada, se cantam os parabéns e se distribuem balas, pirulitos, bombons, pipoca, se corta o bolo e se serve uma sopa quente.
Os hinos pontos cantados no terreiro, nesta noite são mais suaves, geralmente valsas, que invocam os mistérios do céu, da terra e do mar.
A alegre noite se encerra e todos voltam para casa felizes, com a Bandeira da Paz e a Santa Cruz Bendita lhes acobertando e protegendo.
A Paz de Deus acompanhe a todos.
Para sempre, Amém.
3 comentários:
Lindo e emocionante texto! Parabéns!
Fizemos o mesmo trabalho na igrejinha franciscana da Madrinha Francisca em Niterói. Ao ler este relato vi o quanto somos um, as mesmas intenções, hinos, preces e amor à Deus e à Virgem Mãe.
Viva a nossa missão!
Realmente, belíssimo texto do irmão amigo Juarez. A nossa Missão é linda e maravilhosa...
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